segunda-feira, 23 de maio de 2011

Excerto: «Desculpa, Mas Quero Casar Contigo»

– Amo -te.
Apetece-lhe dizê-lo em silêncio, num sopro. Contudo, Alex sorri simplesmente e olha para ela. Está a dormir, entre os lençóis, relaxada. Doce, macia, sensual, a sua boca levemente a amuar, com os lábios entreabertos que ainda sabem a amor. O seu amor. O seu grande amor. Pára, fica rígido. Uma dúvida. «Niki, alguma vez gostaste de outra pessoa?» Alex fica em silêncio com os seus próprios pensamentos, imóvel, afastando-se um pouco como que para focar melhor. Sorri. «Não, é impossível. O que é que estou a dizer? A Niki gostar de outro… É impossível.» Depois, outra vez a dúvida, a sombra, algum espaço da vida dela a que ele nunca tenha tido acesso… A sua frágil segurança desvanece-se logo, tal como um gelado durante um 15 de Agosto na praia, entre as mãos de alguém que decidiu fazer dieta.
Já passou um ano desde que voltaram do farol, da Ilha Azul, aquela esplêndida ilha dos enamorados.
Num instante, está novamente lá.
Fim de Setembro.
– Alex, já viste? Não tenho medo!
Niki está numa rocha alta, completamente nua, como que desenhada no sol por trás dela. Depois, um sorriso em contraluz… e um grito.
– Vou -me atirar!
Dá um salto para o vazio. O seu longo cabelo escuro, com madeixas mais claras devido ao sol, ao mar e a todos esses dias passados na ilha, é repuxado para trás e depois pluf! Mergulha. Mil bolhas azuis à volta de Niki, que desaparece no mar azul. Alex sorri e abana a cabeça, divertido.
– Não acredito, não acredito…
Depois levanta-se da rocha mais em baixo onde estava a ler o jornal e mergulha também. Num instante, volta a emergir perto das bolhas azuis, vendo-a aparecer com um sorriso.
– Então, gostaste? Tu não serias capaz, não tens coragem.
– O quê?
– Então anda… Força, atira-te!
– Não, agora não… Tenho outras coisas para fazer…
Riem divertidos e abraçam-se. Estão despidos e movem rapidamente os pés na água para flutuarem. Trocam um beijo salgado, suave, com o sabor doce do amor. Os seus corpos quentes aproximam-se e juntam-se na água fresca. Estão só eles, no meio do mar. Trocam mais um beijo, e ainda outro. Depois, uma lufada de vento… que levanta o jornal da rocha, para ir esvoaçar mais longe, mais para cima, como um papagaio sem fios que abre as suas asas com fúria e rebeldia. É como se se multiplicasse noutros jornais idênticos, puf, que também se abrem e caem por cima de Alex e Niki.
– Não! O meu jornal…
– Alex, o que é que interessa? O que é que querias saber?
Separam -se e nadam velozmente para apanhar as páginas molhadas. Alguma publicidade, uma má notícia, uma crónica, a política, a economia, o entretenimento…
– Estás a ver? É o meu jornal…
Passa-se um instante. Depois Alex sorri. «É verdade, o que é que eu queria saber? De que é que preciso? De nada. Tenho tudo, tenho-a a ela.»
Alex vê Niki dar um suspiro, revirar -se na cama como se tivesse ouvido todas as suas lembranças. Depois, ela respira mais fundo e recomeça a dormir como se nada fosse. E Alex, como que por magia, volta novamente para diante daquela fogueira acendida na praia, onde naquela noite comeram o peixe fresco depois de o terem cozinhado na madeira apanhada numa mata ali perto. A seguir, ficaram durante horas a olhar para as chamas que iam desaparecendo, ouvindo a respiração do mar para depois darem um mergulho de noite sob a lua nas poças criadas pela maré alta. A água do mar, aprisionada durante um dia de sol, estava naquela altura quente.
– Anda cá, vamos para dentro da gruta secreta, ou para dentro do seu reflexo, ou para a gruta arco-íris.
Tinham dado nomes a todos os recantos da praia, às poças naturais e às árvores, às rochas e aos rochedos…
– Pois é, essa aí é a rocha-elefante!
Tinha uma estranha curva parecida com uma orelha cómica…
– Aquela é a rocha-lua e a outra é a rocha-gato… Vês o que é aquela?
– Não, o que será?
– É a rocha-sexo…
Niki aproxima -se de Alex e dá -lhe uma mordidela.
– Ai! Niki…
– És tão chato… Pensei que nesta ilha fôssemos como na Lagoa Azul!
– Na verdade, eu estava a pensar no Robinson Crusoe e no Sexta-feira…
– Pois… Então vou virar mesmo selvagem!
Niki morde-o outra vez.
– Ai! Niki…
Perder o sentido do dia e da noite, do tempo que passa, não ter compromissos… Comer e beber só quando é preciso, sem problemas, nem discussões, nem ciúmes…
– Isto é o paraíso…
– Talvez, ou é muito parecido…
Niki sorri.
– O que estás a fazer?
– Apetece-me…
– Mas assim vamos parar ao inferno…
– Ao paraíso, desculpa, mas se te chamar amor, tenho licença…
Niki move os lábios soltando um murmúrio leve, à maneira de uma criança que não sabe o que dizer porque precisa de ser levada a sério. E de ser amada. Alex olha para ela e sorri.
Já passou mais de um ano desde que regressaram a Roma. Cada dia tem sido diferente, como se ambos tivessem levado à letra aquela música dos Subsonica: «Abitudine tra noi è un soggetto da evitare, tra le frasi di dolore e gioia, nei desideri, non ci si è concessa mai…»
Depois Niki matriculou -se no curso de Letras e começou logo a preparar as cadeiras. Alex recomeçou a trabalhar, mas aqueles dias passados na Ilha Azul marcaram-nos, proporcionaram-lhes magia e segurança… Contudo, alguns dias depois do regresso, Alex estranhou o dia-a-dia de sempre. Então decidiu esquecer tudo, para que nenhuma página da sua nova vida cheirasse a passado.
Assim, naquele dia, preparou uma grande surpresa.

terça-feira, 3 de maio de 2011

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